quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

2014... um ano para esquecer...

Igual a 2014 nos últimos tempos, só o ano fatídico de 2010, com a tal cirurgia da voz que veio mudar minha vida. Que ano difícil esse de 2014, nossa!! Em quase todos os sentidos, só salvou a saúde e  dou graça a Deus por isso, porque se isso fosse afetado,  não sei o que teria sido de mim.

Um dia desses li no Facebook, numa imagem, que dizia que se a gente tem emprego, tem casa para morar, saúde e tal, não temos que dizer que nosso ano foi uma merda. Mas sabe como é o ser humano né? Não funciona desse jeito.

Nesse ano de 2014, foi quando senti minha mãe mais distante de mim. Senti o afastamento de uma grande amiga, por motivos que até hoje busco sem encontrar respostas. Sem contar outras relações que se diluíram, foi um ano de quebra de relações de todos os tipos. De distanciamentos, de solidão não escolhida muitas vezes.

2014 foi o ano que meu cartório foi extinto depois de 9 anos de existência. E adorava trabalhar lá, adorava o grupo. Adorava poder ter a minha amiga todos os dias comigo. Ela me foi tirada do convívio, mais um distanciamento, só distanciamento nesse ano maldito.

Mas 2014 teve uma coisa boa, pelo menos uma tinha que ter para quebrar tanta coisa ruim. A cirurgia na voz que fiz para tentar melhorar, surtiu efeito e tive uma melhora, não fiquei boa, mas melhorou, e só por ter melhorado, já vale muito.

Acho que foi um ano que senti muito frustrada a nível pessoal, emocional, sentimental, talvez por isso tenha sido um ano que me desanimei de mim mesma. Larguei a academia e nunca bebi tanto como venho bebendo ultimamente. Acho mesmo que ando com o botão do "foda-se" ligado. Sei que isso não é bom, sei que não adianta, sei de tudo. Mas a verdade é que eu vinha fazendo tudo tão certinho, e virou tudo de perna pro ar, daí me deu ódio e vontade de fazer tudo ao contrário agora. Mas uma hora eu tomo as rédeas de novo...

Se tenho um desejo para 2015? Sim, que eu sobreviva menos e viva mais...

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

O fim de um ciclo...

Trabalho no Tribunal de Justiça desde 1992 e de todos esses anos,  nove anos trabalhei no cartório que estou atualmente. Confesso que quando fui para lá estranhei bastante, um povo "caxias", tudo muito certinho, tudo muito perfeitinho, como nunca tinha visto em nenhum outro cartório e sempre foi um lugar que nunca se encaixou no esterótipo do serviço público onde nada anda, nada funciona. Lá tudo sempre funcionou muito bem. 

Com o tempo, fui me apegando às pessoas, a gente foi formando um grupo legal, divertido, unido, pra cima, uma turma que estava sempre brincando, trabalhando muito, mas sempre com muito bom humor. Organizávamos festas, saíamos para as baladas, enfim era uma turma unida. Com o tempo meio que virou uma família mesmo, onde todos se ajudavam. Sempre me senti bem lá, acolhida, compreendida. Claro que como todo "casamento" tinha seus dias ruins, mas na soma o saldo sempre foi bem positivo.

Mas em 09 de março desse ano recebemos a notícia que nosso cartório seria extinto para que pudesse ser aberto um outro cartório num outro fórum. Na verdade é o que eles chama de transformação, já que a existe uma lei que limita um número x de cartórios, então como tinha uma necessidade muito maior de um cartório nesse outro fórum, eles aproveitaram que o nosso ficou sem juiz por conta da nossa juíza ter sido promovida a desembargadora e foi o escolhido.

Com isso temos convivido no decorrer desse ano com esse fantasma da extinção. Quando vai ser? Como vai ser? Para onde vamos? Para que cartório iremos? Ficaremos no mesmo fórum ou não? Enfim uma novela mexicana estressante demais que se arrastou por todos esses meses, mas que agora chega em seus últimos capítulos. Do dia 03 ao dia 10 de outubro será a redistribuição dos processos. Ou seja, do dia 13 estaremos todos em algum lugar que ainda não sabemos...

Nesse cartório eu fiz uma grande amiga, aquela para quem eu conto tudo, aquela com quem compartilho meus dias, aquela com quem convivo cinco dias da semana uma de frente para outra. Uma sabe tudo da vida da outra. Acho que nossa convivência é mais do que muitos casamentos, é uma cumplicidade enorme, são muitas horas de convivência, em muitos momentos em que a gente está de péssimo humor e sempre relevando e sempre se respeitando. Se a gente se destendeu umas três vezes nesses nove anos, foi muito. Acho que de tudo isso, perder essa convivência com essa amiga é o que mais me dói, é o que mais me entristece. Eu sei que a gente vai continuar sendo amiga, a gente já conversou sobre isso, mas sabemos que igual ao que é, não será. Essa possibilidade de estarmos juntas tanto tempo assim, não teremos mais. A vida vai se encarregar de levar cada uma por um caminho, mesmo que a amizade permaneça intacta, mas essa convivência a gente não vai ter, e a gente lamenta isso.

Quando você encerra um ciclo porque achou necessário é uma coisa, mas quando encerram um ciclo por você, sem que você queira, fica como se algo tivesse quebrado dentro da gente....

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Buscando um relacionamento...

Faz tempo que não escrevo aqui, mas sinceramente não tenho tido vontade quase nenhuma. Tenho sentido necessidade de viver outras coisas, a impressão que tenho é que andei meio que olhando a vida passar e não gosto disso, daí saí para o mundo novamente. Mas depois que você fica tanto tempo dentro de uma ostra, esse processo não é tão simples. Acabei me afastando de muita gente, outros se afastaram de mim, não culpo tanto os outros mas a mim mesma. Enfim

Nesse processo de se voltar para fora, me bateu uma vontade enorme de ter um relacionamento com alguém. Acho que chega de tanta solidão! Mas isso também não é algo que dependa só do nosso querer, não depende só da busca,  mas de uma série de acontecimento, junção dos astros, sorte e tal.  E quando depende de sorte, não tenho nenhuma nesse setor... rs.

Então resolvi "atacar" de todos os jeitos. Me escrevi em dois sites de relacionamento, ando entrando na sala de bate papo da UOL, saindo também, porque o velho método olho no olho funciona bem melhor. Mas como minha voz não ajuda muito, nem sempre esse método surte todo o bom resultado que poderia, então vou pela internet também que não precisa da voz.

No entanto ser transexual não é uma questão simples, ou irrelevante quando se busca um relacionamento. Sempre tem o velho dilema de falar ou não falar que é transexual e se optar por falar, decidir quando é o melhor momento. Eu já passei por todas as situações possíveis nesse sentido. Já comecei falando que sou, e o estigma pesa bastante, todo o estereótipo vem na frente e é difícil quebrar isso.  Já comecei relacionamento sem dizer que era, em alguns casos o desastre foi tão grande que sinceramente não sei se tenho estrutura para aguentar o tranco. Então pelo menos na internet opto por falar de cara. Nos sites de relacionamento coloco que sou trans e na sala de bate papo também, mas pessoalmente, olho no olho,  a coisa é bem mais complicada, porque não dá para dizer: "- Oi tudo bem? Meu nome é Cris, sou uma mulher transexual!". Primeiro vejo se pelo menos vai rolar um segundo encontro, porque se for só o primeiro, não passo por esse estresse mesmo.

Mas vamos as peculiaridades virtuais. Na sala de bate papo, quando os caras veem o meu nick e me chamam, diria que a esmagadora maioria quer matar a curiosidade, ou sexo virtual, ou mesmo um sexo escondido, de preferência na minha casa, porque é 0800 e eles não precisam ser vistos comigo. Muitos têm fantasias bizarras, ou uma noção de mulher transexual, completamente deturpada. De qualquer maneira, se tiver paciência de "garimpar", sempre se tira um ou outro divertido, inteligente, que tem um papo até que envolve. Mas até agora todos que conheci foram com objetivo de sexo. E todos com aquele clichê, do tipo, quando se abre a câmera, começa: "levanta aí para eu te ver", depois "tira a roupa". E eles não tem o menor pudor, se levantam de pau duro mesmo se achando o máximo, muitos já vão se masturbando mesmo. Essa parte toda depende do meu dia, de quanto tomei de vinho, se estou sobria, se estou de bom humor e tal... rs. No geral não tenho muita paciência e desligo tudo na cara mesmo, sem nem dar tchau.

Nos sites de relacionamento a coisa é diferente. Eles veem minha foto e mandam o email. Para a maioria pouco importa o que está escrito no perfil. E nesse caso o que está escrito no perfil, pode fazer toda a diferença para o cara. Por conta deles não lerem o que está escrito, acabo ficando em várias saias justas. Até tinha jurado para mim mesma que nunca mais entraria em sites de relacionamento exatamente por esse motivo, mas já que estou nessa fase de tentativas resolvi arriscar de novo, mas não levo muita fé nesse canal. Acho até que conversei com caras mais interessantes e que renderam algo mais na sala de bate papo.

Se conheci algum desses caras da internet pessoalmente? Sim, dois deles, nada de interessante emocionalmente ou intelectualmente falando, mas é claro que se a finalidade maior é o sexo, eu vou escolher os mais gatos, e nesse quesito a coisa rolou satisfatoriamente.

Pessoalmente também tenho tentado, mas sinceramente o olho no olho não tem tido tanta diferença da net, sexo rápido é o que mais tenho encontrado. Mas o que importa é que  mudei, saí do modo ostra, para o modo tentativa, acho que esse modo é mais a cara de como levei toda a minha vida. Vamos ver no que vai dar... rs.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Acontecimento bizarro!!

Terça-feira, 17/06, dia de jogo do Brasil, resolvi dar uma volta num bar que conheço, que fica bem animado nessas datas festivas. Chegando lá, vi que tava bem animado. Um grupo musical tocava e não pensei duas vezes para cair dentro do samba. Logo um cara se aproximou e a gente acabou ficando. 

Ficamos por lá mais um tempo até que saiu uma briga feia e acabou a festa. O grupo recolheu os instrumentos e bar fechou as portas. Daí, eu e o carinha resolvemos dar uma volta por outros bares. Circulamos, rimos, bebemos muuuuito. Foi divertido e acabamos no apartamento dele. Rolou uma transa.

Tarde da noite, deveria ser 1 da manhã. Ele me trouxe em casa. Foi quando ele percebeu que tinha sangue nas minha pernas. Eu não tinha percebido até então. Já estava muito perto de casa e me apressei para entrar. Ele quis me ajudar, mas disse que não precisava.  Assim que entrei, não sangrava apenas, o sangue jorrava de forma assustadora. Eu sem saber o que fazer fiquei andando de um lado para o outro no hall do prédio. E em cada lugar que eu parava formava uma poça de sangue. Com medo de desmaiar ali entrei para meu apartamento. Fui direto para debaixo do chuveiro e fiquei lá muito tempo até que aquilo diminuísse.

Diminuiu mas continuou. Está diminuindo a cada dia um pouco mais. Hoje já fui ao médico e tal e estou medicada. 

Mas a questão toda foi o dia seguinte. Evidentemente o rastro de sangue foi até a entrada da minha porta e todos assim souberam quem foi a pessoa que sangrou. Daí foi um tal de gente interfonar para meu apartamento, tocar na minha porta, para saber o que aconteceu e eu apenas dizia que tinha ocorrido um sangramento.

Mas do meu apartamento dava para ouvir as conversas nos corredores, as pessoas dizendo: "Será que ela tá bem?", "Ela é tão legal, não merecia isso". Foi quando eu comecei a me dar conta que os boatos estavam se espalhando. 

No dia seguinte, ontem, vizinhos que nunca falaram muito comigo começaram a me interfonar para dizer que me davam apoio, que eu poderia me abrir, que quem sofre uma violência não pode se calar. Então, para uma dessas pessoas perguntei se o pessoal estava achando que tinha sido estuprada. Daí a moça me confirmou e desmenti, lógico, porque não aconteceu nada disso.

Mas a verdade é que as pessoas estão me olhando com aquele olhar de pena e sei que por mais que desminta isso, vou continuar sendo vista como a estuprada. Surreal, gente!! Quando a gente acha que já aconteceu de tudo com a gente, vem algo e nos surpreende. Essa é uma história que vai ficar para contar.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Indo em busca de novos rumos...

Tem alguns poucos meses que coisas se modificaram na minha vida e na minha mente. Desde a minha cirurgia malsucedida  de voz em 2010 que entrei numa concha e fui me afastando do mundo, de todos. Isso trouxe como principal consequência uma grande solidão. Mas solidão nunca foi algo que me apavorasse, lido bem com ela, em muitos momentos gosto dela, até prefiro. Mas é óbvio que o ser humano não nasceu para seguir a vida solitariamente, mas sim em sociedade, somos seres que gostamos de companhia e comigo não é diferente.

No entanto algo mudou para melhor recentemente e voltei a sentir uma enorme vontade de refazer a minha vida. Não que ela tivesse detonada, muito pelo contrário, até tenho uma vida tranquila atualmente, mas de 2010 para cá minha vida social se diluiu completamente. 

Dia desses, tive a certeza que algo deveria ser mudado, que  estava pronta para seguir novos rumos. Tive uma espécie de "crise de solidão" em que me deu um grande desespero por estar sozinha e pela primeira vez em muitos anos, peguei o telefone e quis ligar para várias pessoas, para algumas até tentei mas nem deixei chamar quase. Aquilo passou rapidamente, mas foi intenso demais para que esqueça. A partir dali  percebi o que vim fazendo com minha vida. Priorizando o que não devo e vice-versa. Enfim, acho que venho fazendo tudo errado nesse setor, principalmente não deixando o novo entrar. Estou precisando me renovar.

Então venho amadurecendo ideias. Sabe quando a gente simplesmente tenta mudar o caminho, o jeito de fazer as coisas? Tentar almoçar num restaurante diferente. Aceitar fazer um programa que nunca fizemos antes. Mudar o caminho de voltar para casa. Fazer pequenas mudanças numa espécie de ensaio para mudanças mais importantes. Acho que estou nessa fase, das pequenas mudanças, para logo em seguida tentar fazer outras de peso.

Não sei se será um processo fácil, mas é um processo possível e que estou disposta a começar, aliás já comecei. Quero, em breve, olhar para esse post e perceber que consegui dar alguns passos adiante. Quero mais para a frente notar que algo importante  melhorou no meu social. Se vou conseguir? Não sei, mas tentarei com certeza.

sábado, 7 de junho de 2014

Aprendendo a dizer não...

Se tem uma coisa que aprendi ao longo da vida, foi a dizer não. Quando mais nova tinha uma certa dificuldade em negar as coisas paras as pessoas, achava que com isso perderia o amor delas e muitas vezes provocamos antipatia mesmo ao dizer não, mas é algo extremamente necessário de se desenvolver no  decorrer da vida.

Sou o tipo de pessoa que penso bastante antes de pedir algo. Se eu procurar alguém para pedir um favor que seja, pode ter certeza que estou precisando muito daquilo e já pensei em meios de resolver aquilo sozinha. Sendo assim, acho que tenho todo o direito de julgar se o que estão me pedindo é algo no mínimo justo.

Digo não, hoje em dia, com a maior facilidade, principalmente para as pessoas que pedem infinitamente. Porque vamos combinar que tem uns pedintes quase profissionais pela vida, que solicitam das coisas mais bobas as mais sem noção. Para esse tipo de pessoa não tenho a menor pena de dizer não. Porque certamente vou evitar ao máximo recorrer a essa pessoa. Ao pedinte crônico, você pede um favor e ele passar o resto da vida te pedindo favores dos mais absurdos.

Acho mesmo que minhas negativas são proporcionais ao número de pedidos que alguém me faz, talvez porque pense no meu caso, já que alugo muito raramente as pessoas. Então julgo que se a pessoa me pede pouco, é porque quando ela pede está precisando mesmo. 

Na verdade tudo na vida perde o valor pelo excesso, tudo que excede se torna chato, inconveniente, de pouco valor sentimental, tedioso e isso vale para todo tipo de situação ou atitude que tenhamos.

Dizer não é minha especialidade, mas gosto quando digo sim de coração. Eu gosto de me sentir uma pessoa melhor, mas não me importo de agir de forma estranha quando necessário.

sábado, 31 de maio de 2014

E então as pessoas passam pela nossa vida...

Dia desses estava pensando no tanto de gente que passou pela minha vida. E percebo que nossa vida é como um hotel, em que as pessoas ficam um tempo e depois se vão. Claro que não estou dizendo que todas as pessoas se vão, mas poucos ficam. E até os que ficam, parecem que também podem ir a qualquer momento. Somos quase que predestinados à solidão, mesmo que queiramos acreditar que temos um grupo de amigo, família, ou relacionamento amoroso para nos fazer companhia pelo resto da vida. Se não for a vida os levando, a morte poderá levá-los e no final a probabilidade da solitude é grande.

Tive algumas amizades que me pareciam muito sólidas daquelas que durariam uma vida, mas de repente as coisas desandaram e não entro aqui no mérito da culpa. Na verdade, quando os relacionamentos deixam de dar certo, algo aconteceu de ambos os lados. Lembro desses amigos que passaram e não me vem saudade quase nenhuma. Eu sou muito voltada para o futuro, então pouco visito o passado, mas é óbvio que estando viva, em um ou outro momento essas lembranças me vem a mente, sem muita nostalgia, apenas como referência.

Tem também aquelas pessoas que nos amam, ou nos admiram e tentam nos agradar ao máximo e não sentimos grande coisa por elas. Não lido muito bem com isso, também não acontece com frequência na minha vida. Mas tenho uma certa dificuldade de lidar com sentimentos que me dedicam e não consigo corresponder. Tem um subgrupo nessa linha que são os bajuladores. Odeio bajulação com todas as minhas forças! Talvez minha aversão a isso seja porque não gosto de pessoas que vivem nos extremos, ou simplesmente por não me sentir confortável com gente que se excede em elogios. Acho o máximo ser elogiada. Quem não gosta? Mas o elogio na hora certa, no momento adequado. São os elogios sinceros que você sabe que tem verdade ali. Já a bajulação é oca, é chata, me dá agonia.

Tem as pessoas que a gente mataria por elas e simplesmente não somos correspondidos. Nessa categoria tenho bastante experiência no decorrer da minha vida. Aconteceu mais no passado que atualmente. Acho que nos últimos anos, de tanto que apanhei nesse sentido, esfriei bastante meus sentimentos. Tem o lado ruim, mas tem o lado bom de não quebrar tanto a cara nesse sentido. Quando percebo que não estou sendo correspondida, rapidamente consigo sair fora, entrar em outra vibe. Mas nem sempre foi assim, já arrastei muita corrente por gente que nem sei se valia a pena, tanto na esfera do amor, quanto da amizade.

Por fim, tem os encontros verdadeiros e correspondidos. E isso vale para a amizade e para o amor. Esses são raros e maravilhosos quando acontecem. Aconteceu comigo, claro.

A maioria dos tipos de relação citados acima, tende a passar. São aquelas pessoas que você amava loucamente e um dia percebe que aquilo esfriou. Os desentendimentos são as maiores causas de afastamento. E tem também aquelas pessoas que simplesmente foram como a água que escorre pelos dedos, suave, sem que você pensasse a respeito. Simplesmente o afastamento foi natural e nessa categoria podemos incluir amigos, parentes, colegas de trabalho e etc. E foi sobre isso que fiquei pensando, sobre o tanto de gente que se foi simplesmente, sem que eu tivesse feito nada, sem que a pessoa tivesse feito alguma coisa. Simplesmente esfriou, acabou. Como um hóspede de hotel que fecha a conta e vai embora, sem dar explicações, sem litígio. E assim nos damos conta do quanto somos sós.

sábado, 24 de maio de 2014

Sobre as coisas que não conseguimos aceitar...

Hoje me deu vontade de escrever sobre algo que não tenho aceitado muito bem. Daí me deu uma preguiça de entrar em polêmica. Sim, ando com muito pouca vontade para polêmica, nem pareço mais a mesma de outros tempos. Então resolvi escrever genericamente sobre o tal assunto, sobre como é difícil aceitar certas fases de nossa vida, ou acontecimentos, ou situação.

Quando a gente é bem jovem, nossa revolta contra o que não aceitamos é imensa, achamos que podemos mudar o mundo e as pessoas. Conforme os anos vão passando, a gente vai vendo que a vida é do jeito que é, o mundo também e quanto mais a gente espernear, pior a coisa fica. Daí vamos envelhecendo e aceitando que existem muitas coisas na vida que simplesmente a gente não gosta, mas tem que aceitar. Muitas delas sabemos que podemos mudar, mas não é dessas que estou falando, mas, sim, das que definitivamente olhamos e aquilo não desce de jeito nenhum e mesmo assim a gente precisa assimilar que é um fato na nossa vida.

A maturidade ajuda muito na aceitação, mas por outro lado o fato de envelhecer traz novas questões tão difíceis quanto as da juventude. Sei que falando assim parece que tenho 80 anos, mas não, estou simplesmente na adolescência da velhice, que é a faixa dos 50, onde você é novo para ser idoso e  velho para ser jovem, ou seja, você não sabe o que é, exatamente como na adolescência e fica tentando se redescobrir.

Tenho batalhado muito com questões que não ando aceitando bem e sinto que isso está minando a minha vida. Me tornei mais reclusa do que sou, mas sem vontade para tudo do que já estive um dia. Meu nível de ansiedade subiu demais nos últimos tempos. Estava até conversando dia desses com uma amiga no Face e dizendo que mesmo quando estou parada vendo TV, estou mega ansiosa como se algo terrível fosse acontecer. Sei que tudo isso é fruto dessas questões mal resolvidas. Às vezes me sinto como se tivesse caindo num buraco muito fundo de onde não sairei e também ninguém entrará e ficarei ali para todo o sempre sozinha. Mas claro que isso é só como me sinto, não como, em realidade, as coisas estão.

Seja como for ainda sou uma pessoa com esperanças e com vontade de lutar. Se em algum momento me redescobrir, ou desvendar novos caminhos, estarei pronta para sair dessa fase estranha que me acompanha faz tempo.

quarta-feira, 7 de maio de 2014

O que é o fracasso?


Um dia desses me deu vontade de escrever sobre isso, daí logo depois a vontade passou. Fiquei pensando nas pessoas lendo e dizendo para eu deixar disso, que não é bem assim do jeito que estou vendo, etc e etc. Aí achei realmente que pouca gente me daria razão, ou talvez nenhuma pessoa me desse razão. Então para que escrever sobre isso? No entanto, ando recebendo emails constantemente, em que pessoas me pedem conselhos, contam seus problemas, esperam que eu solucione a vida delas. E achei isso de um paradoxo total. Eu aqui sentindo que fracassei e pessoas achando que posso solucionar a vida delas. Daí resolvi escrever esse post, com o intuito dele ficar como o post resposta, que passarei para todos os emails que receber daqui por diante.

O que é o fracasso para mim? Nossa, como já pensei a respeito disso no decorrer da minha vida. Lá no início da minha juventude, tinha um conceito sobre fracasso, hoje me vejo dentro do próprio conceito de fracasso que tinha, mas ao mesmo tempo tenho consciência de tudo que conquistei.

Acho que o PC Siqueira, que tanto gosto (vídeo abaixo), definiu de forma absoluta, o que penso sobre o fracasso. É não obter sucesso, não conquistar aquilo que você mais desejou para a sua vida, aquilo que sentia como mais importante. Nesse quesito sinto que não obtive êxito. Acho que tudo que fiz na minha vida, foi para que num determinado momento qualquer, olhasse em volta e me sentisse acompanhada de gente que me completasse. Daí hoje em dia, olho minha vida e vejo tantas relações desfeitas, família me baniu, amigos vivendo suas vidas distante em sua maioria, relacionamento amorosos zerados faz tempo. 

Se sei que tive vitórias? Claro que sei, conquistei meu corpo e minha identidade, conquistei um emprego legal que me dá sustento, conquistei casa para morar. Não sou um fracasso no sentido geral da palavra, apenas habita em mim uma sensação de não ter conseguido êxito no que mais queria, me sentir realmente acompanhada de pessoas que gosto.

Daí no meio disso as pessoas leem meu blog e acham, por um motivo qualquer inexplicável, que  posso dar conselhos, ajudar exatamente naquilo que sinto que fracassei, nos relacionamentos humanos de todos os tipos. Pior ainda é que acham que tenho especialidade em relações amorosas, aquelas que não tenho há anos. Como posso ajudar alguém nesse sentido se não consegui me ajudar?! Então, gente,  precisava, sim, escrever como me sinto em relação a isso. Se não adiantar para mais nada, se ninguém entender o que está escrito aqui, pelo menos esse post vai servir como link de respostas para essas dezenas de emails que chegam para mim.


sábado, 3 de maio de 2014

Minhas chatices...

Li esse esse post, "A insustentável chatice do meu ser...", no blog do Rafael Leoni e achei muito bom. Daí o Bratz foi nos comentários e complementou muito bem fazendo um post igual, o Douglas fez um também e outros blogueiros devem ter gostado da ideia e estou indo na onda.

Vou fazer um pouco diferente e listar coisas que odeio e coisas que adoro, afinal as coisas que gosto, também fazem parte da chatice do meu ser... rs. Confiram:

Coisas que não gosto, odeio, me irritam, ou evito.

- Eu não gosto de homens que usam boné.

- Eu não gosto de fanatismo, principalmente os mais conhecidos, futebol, religião e artistas.  Pessoas que vivem nos extremos me dão agonia.

- Eu não gosto de gente que fala com a língua batendo nos dentes. 

- Eu não gosto de verão, calor, por mínimo que seja.

- Não gosto de gente carente. Todos somos carentes em algum nível, mas falo daquele carente crônico, de carteirinha, que sufoca a gente.

 - Eu não gosto de abrir coisas, seja envelope, pacotes, embalagens.

- Eu não gosto de varrer, por menor que seja o espaço.

- Eu não gosto de viajar. (muitos vão se revoltar com essa)

- Eu não gosto, sinto ódio, quando subestimam minha inteligência.

- Eu não gosto de gente que fala mole, isso inclui mulheres e gays.

- Eu não gosto de falar em telefones de todos os tipos.

- Eu não gosto de visitas que chegam sem avisar.

- Eu não gosto de falar com estranhos.

- Eu não gosto de gente saudosista. Gente que fala "no meu tempo..." e "na minha época...",  me irritam profundamente.

- Eu não gosto de ir à manicure.

- Eu não gosto de gente que ri, gargalha sem motivo.

- Eu não gosto do idioma espanhol, me irrita muito.

- Eu não gosto de fazer compras, exceto cosméticos, todo o resto, passando por roupas, sapatos e supermercado, odeio de verdade.

- Eu não gosto de ir a salão de beleza.


- Eu não gosto de lavar/ensaboar os pés (mas lavo, tá? rsrs)



Coisas que eu gosto, que faço regularmente, ou que uso para relaxar.

- Eu gosto muito de café, viciada total.

- Eu gosto muito de assistir filmes (talvez a coisa que mais goste, sei lá)

- Eu gosto de ficar bêbada, apesar de não fazer com isso com frequência atualmente.

- Eu gosto de fumar quando bebo bebidas alcoólicas. 

- Eu gosto de comer, mais do que de fazer sexo, não me lembro de nada que eu não coma, sou a famosa boca de lixeira, onde entra tudo, mas para meu tormento vivo em dieta para não engordar.

- Eu gosto muito de sorvete, não fico sem.

- Eu gosto de lavar louça.

- Eu gosto de ficar em casa (nunca pensei que diria isso um dia)

- Eu gosto de acordar cedo (muitos vão me xingar... rs) 

- Eu gosto, sinto um tesão imenso em  homens esqueléticos, não é o magro, mas o esquelético mesmo, só osso, deve ser por conta da minha tendência à anorexia.

- Eu gosto de fazer hidratação nos cabelos.

- Eu gosto de assistir filmes dublados, porque morro de preguiça de ler legenda.

- Eu gosto muito de tecnologia, quanto mais novidades mais amo.

- Eu gosto de jogar coisas fora, vivo com um saco catando coisas para ir para o lixo.

- Eu gosto de televisão, é um vício, confesso, assisto de tudo.

- Eu gosto de comprar pela internet, apesar de não gostar de fazer compras, quando tenho que fazê-las, ou quando o assunto é cosméticos, pela internet é bem melhor.

- Eu gosto de tirar esmalte da unha, sinto um alívio imenso.

Obs.: Hoje estou voltando com a seção de comentários, já que tanta gente reclamou da falta dela.

sábado, 5 de abril de 2014

domingo, 23 de fevereiro de 2014

A dor é só nossa...

Fico pensando em como nossas dores são solitárias, como por mais que a compartilhemos com os outros, parece que estamos sempre perdidos dentro daquele sofrimento, como se não tivesse um caminho de volta, como se não tivesse ninguém para mostrar uma saída, mesmo que os amigos estejam ali por perto. 

Quando estamos felizes, tanto faz compartilharmos ou não aquela felicidade, parece que ela nos expande, nos joga para fora de nós mesmos. Se não compartilhamos o momento de felicidade, ele continua sendo leve e gostoso do mesmo jeito. Já os momentos de dor são solitários, pesados, se arrastam dentro da gente e ninguém parece poder aliviar aquilo.

Tenho bons amigos, mas eu os "alugo" muito pouco para desabafar, exatamente porque não sinto alivio com o desabafo feito dessa forma. Acho que me alivia mais vir aqui no blog e escrever sobre o assunto, já que quando a gente escreve, parece que um pouco daquela dor sai junto com a escrita. Já falar com os outros é algo que me incomoda mais do que me alivia, não sei porque é assim, mas só consigo falar com os amigos sobre meus problemas, depois que eles já não doem, ou doem menos.

Recentemente, como é do conhecimento de quem me acompanha aqui, tive uma grande decepção com o insucesso da minha cirurgia nas cordas vocais. Realmente era algo que cultivei como uma grande esperança de sair dessa situação desconfortável com minha voz e quando recebi a notícia que não tinha dado certo, foi como se me tirasse o chão e o ar. Mas tenho uma grande capacidade de suportar decepções, elas me abalam muito, mas não me derrubam completamente. De qualquer maneira ando me sentindo mal e deprê nesses últimos dias. Não sei quanto tempo levarei para digerir isso, mas também não jogarei esse peso nas costas de ninguém.

Sei que tem pessoas que simplesmente não entendem o motivo de ter um problema na voz me afetar tanto. As pessoas tendem a achar que como elas ficam roucas de vez em quando e passam por isso bem, eu deveria fazer o mesmo. Mas não é bem assim, não vou explicar que estou há 4 anos com uma voz muito ruim que me prejudica socialmente, porque muitos talvez nem entendam isso, e minha intenção não é mostrar o tamanho do meu sofrimento, já que ele importa só a mim. Esse é meu inferno pessoal, cada um tem seu inferno. O que pode ser fácil para uns, pode ser bem difícil para outros.

Talvez o mais chato é quando as pessoas falam coisas do tipo que ouvi da minha mãe a vida inteira. Para minha mãe a gente não pode reclamar de nada, ela pode reclamar de absolutamente tudo, mas se você abrir a boca para reclamar o mínimo que seja ela vem com o clichêzão: "- Olha é melhor você ter a voz assim do que ser muda". Putz, quando alguém me fala isso dá vontade de dar um soco. Acho que por isso quase não abro a boca para reclamar. Tenho uma amiga que teve poliomielite e anda com muita dificuldade, sei das suas limitações e como isso a faz sofrer. Imagina se viro para ela e digo : "- Melhor você andar com dificuldade do que está direto numa cadeira de rodas". Acho isso cruel, mas as pessoas são cruéis, sem nem perceberem que são, achando que estão dizendo coisas positivas para levantar seu astral.

Às vezes penso que gostaria de ter outro problema, se a vida, Deus me desse opção de trocar, preferiria ter um outro problema, desde que não fosse outra limitação física. Acho que ser transexual não me trouxe durante toda a vida o sofrimento que tenho tido nesses últimos quatro anos com a voz.

Seja como for, esse post foi uma espécie de expurgo, queria colocar para fora um pouco disso que está doendo muito dentro de mim, mas não pretendo voltar a esse assunto tão cedo. Já que não quero ficar a chata reclamona da voz. Mas precisava escrever sobre isso para tentar tirar um pouco desse peso que está dentro de mim, o resto daqui para frente vou tentando lidar de mim para comigo mesma.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

E a cirurgia não deu certo...

Bem, pessoal. Se eu vim aqui contar que fiz uma terceira cirurgia na voz. Agora venho para contar que não deu certo. A cirurgia era um enxerto na corda vocal. Antes da cirurgia eu sabia que havia uma chance de 30% do enxerto não ficar. Por vários motivos, porque a corda vocal não pode ser imobilizada e isso dificulta a fixação do enxerto, porque o organismo entende que é um corpo estranho, mesmo que o material seja do seu organismo. Enfim, não deu certo, não vou me alongar muito porque nesse momento estou pra lá de desanimada com a vida. Agora e dar tempo ao tempo e esperar a chateação passar.

domingo, 16 de fevereiro de 2014

Sobre sentir inveja...

Já escrevi sobre esse tema em meu outro blog, mas  me parece sempre um assunto que mexe com as pessoas. Nas redes sociais o que tem de imagens falando de inveja é uma coisa absurda, não me lembro de ter compartilhado alguma delas, porque acredito, desacreditando na inveja.  Acho que, sim, todos nós temos inveja de algo ou alguém durante a vida. Mas a intensidade disso, o quanto isso toma a sua vida talvez seja o ponto que faça a diferença.

Sinceramente fico meio irritada quando uma pessoa comum vem me dizer que todos estão a invejando. Sinceramente se fosse para perder meu tempo secando a vida de alguém iria seca a vida da Gisele Bündchen, e não uma pessoa que tem mais ou menos as mesmas coisas que eu, ou talvez até menos. Acho que é pensar muito pequeno ficar de olho em miudezas da vida alheia, enquanto você pode lutar para melhorar sua vida.

Do ponto de vista dos outros em relação a mim, acho que só uma pessoa doida teria inveja da minha vida. Então quase nunca acho que alguém está me invejando, só mesmo quando aparece realmente um maluco que percebo claramente que é inveja, mas isso foi um caso ou outro, não é algo que perceba constantemente, então minha cabeça não funciona nesse sentido.

Em que momentos da minha vida senti inveja? Claro, porque eu, como todos os seres humanos que estão aqui na Terra, sentem inveja, mesmo que não admitam isso. Acho que no meu caso sinto inveja de quem é feliz de graça, aquela pessoa que já acorda de bem com a vida, rindo de tudo, feliz só pelo fato de existir, o zelador do meu prédio é assim e invejo isso nele, porque é um estado de espírito que não tenho, só mesmo nos momentos de felicidade normais. Outra coisa que tenho inveja, às vezes,  é dessas pessoas que tem uma vida toda certinha, daqueles que crescem, estudam, casam com alguém, tem filhos, seguem esse roteiro normalzinho. Muitas vezes olho para essas pessoas pensando em como seria ter uma vida assim dentro dos padrões estabelecidos, sem ter que entrar em grandes choques com a sociedade, sem ter que enfrentar grandes preconceitos e tal. E sem sombra de dúvidas, tenho inveja de quem tem uma voz linda e potente, mas juro que não seco a voz da pessoa, fico mesmo mais na admiração, mas digo que é inveja porque gostaria de ter para mim.

Mas sinceramente esses meus momentos de inveja é do tipo olhar, sentir e seguir em frente. Não fico pensando muito sobre o assunto. Talvez porque pense demais em outras coisas, talvez porque minhas crises existenciais me tomem um tempo grande... rs. A verdade é que não fico remoendo isso, esse não é meu pior defeito. Ansiedade é meu pior defeito.

Agora tem o outro lado da questão. Essas pessoas que se dizem muito invejadas, não seria o contrário? Elas veem inveja em tudo, porque sentem inveja de tudo? A vida é um grande espelho, você vê refletido nela aquilo que está dentro de você, acredito demais nisso. Então sempre que vejo uma pessoa se dizendo invejada, penso, ou ela tem um problema de autoestima grande e está querendo se afirmar perante a sociedade, ou ela realmente é a grande invejosa e não tem consciência disso.

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Minha 3ª cirurgia de voz...

Bem, pessoal, todos sabem do meu dilema com a voz. Então apareceu uma nova técnica que poderia melhorar a minha qualidade vocal e resolvi tentar. É um implante de um tecido retirado de trás da orelha, chamado fáscia. Tudo com a finalidade de aproximar as cordas vocais e assim dar mais volume.

Só que nenhum médico do Rio de Janeiro domina essa técnica. Então a minha médica do Rio, que fez a segunda cirurgia, me indicou outra em São Paulo que foi com quem fiz.

A médica disse que ficou satisfeita com o resultado da cirurgia, ou seja, que saiu como ela esperava, mas agora tem a segunda parte, que é esperar o implante fixar na corda vocal. O que me faz ficar sem poder falar por 10 a 15 dias. Nesse período retorno a Sampa para verificar se o implante fixou. Rezem por mim!!

Além de não poder falar, devo evitar tossir e rir, fazer esforço de qualquer natureza, então vou ficar bem quietinha no meu canto. Chato só é que a região inflama, saí um muco da garganta que acaba sendo aspirado para o pulmão, o que dá sensação de tosse que eu devo evitar, essa é a parte mais chata. Porque ficar sem falar até que suporto bem, mas sensação de tosse sem poder tossir é meio brabo.

Poucas pessoas sabiam dessa minha cirurgia. Sei que sou um ser muito estranho, quando estou apreensiva, chateada, deprimida, ou seja, quando não estou bem, me fecho totalmente numa ostra e fico ali pensando e pensando em todas as alternativas. Definitivamente não gosto de  falar dos problemas quando estou passando por eles, só mesmo depois.

Agora vou ficar esses 10 dias na expectativa do implante fixar.

Quero agradecer aos que sabiam e me mandaram mensagem de incentivo. Especialmente quero agradecer o Vinícius Valente, que me ajudou a arrumar hotel barato em Sampa, me ajudou nos trajetos, traçando mapinhas, que me ajudaram muito, já que não sei me locomover em Sampa, exceto pelo metrô.

É isso!! Torçam por mim!!

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Sobreviventes e vencedores...

Acho que na nossa sociedade tem dois tipos de pessoas que são habitualmente confundidas. Não que isso vá trazer algum prejuízo para qualquer uma delas, mas euzinha aqui amo pensar e pensar e fiquei analisando a questão. Temos os vencedores e os sobreviventes, certamente um grupo tem traços do outro, mas acho que ao final eles se distinguem bem. Sobrevivente é aquele que passou por situações limites, conseguiu vencer e seguiu sua vida. Vencedores não necessariamente passaram por situações limites, mas são aqueles que vão além, que criam em cima de uma grande dificuldade, são aqueles que a partir de algo que parecia impossível, ou simplesmente poderiam se acomodar e não fazer, inventam algo para melhorar a vida dos demais, ou influenciar pessoas e por consequência melhoram suas próprias vidas.

Muita gente sempre me diz que sou uma vencedora, por ter conseguido mudar meu corpo, refazer a minha vida, sair das drogas e tal. Mas na verdade sempre que me dizem que sou uma vencedora, tudo que vem com essa palavra não se encaixa no que penso de mim mesma. Por mais que tente me achar uma vencedora e em alguns breves momentos até acho, logo em seguida rejeito esse título. Agora, sobrevivente com certeza sou. Acho que os sobreviventes tem como característica básica a resistência e determinação de seguir em frente e isso tenho. Mas me falta coragem para inventar algo que vá além do que melhorar a minha vida, não sei bem se é coragem ou ânimo, talvez as duas coisas. Então sou cá uma sobrevivente e a minhas atitudes e decisões não melhoram a vida de mais ninguém a não ser a minha mesma. Me dê uma situação difícil  certamente vou passar por ela, mas não me peça para inventar muito mais além disso... rs.

Já os vencedores é um grupo que admiro demais. Acho que a pessoa nasce vencedora, é uma postura diante da vida, uma força de transformação que vem com o indivíduo. Dificilmente vamos ver uma pessoa que agiu sempre de um jeito estagnado, passar a batalhadora e se reinventar. Normalmente esse traço está lá dentro da pessoa, no jeito como lida com o mundo e com as pessoas. O vencedor nunca para onde a maioria para, ele sempre vai além, sempre tem uma ideia de criação e nem digo só no sentido financeiro, muitas vezes é uma obra sem fins lucrativos. O sobrevivente até vai um pouco além, mas sempre para melhorar sua própria vida.

Se existem sobreviventes vencedores? Certamente que sim, mas um vencedor nem sempre é um sobrevivente, não é necessário passar por situações limites para se ter uma postura arrojada diante da vida. Certamente em algum momento o vencedor teve dificuldades que podem ser as dificuldades da maioria da população, mas o que ele faz com ela é que causa toda a diferença.

Dia desses vi essa entrevista com a Zica Assis e ela representa bem o que acho de uma vencedora. Quantas pessoas passaram e passam pelas mesmas dificuldades que ela e simplesmente não inventaram nada, sequer conseguiram melhorar suas próprias vidas e e ela foi além. Acho que vale a pena conferir:


segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Qual o lugar da mulher trans na nossa sociedade?


Muitas vezes me pergunto se a mulher trans tem realmente um lugar na nossa sociedade, ainda tão machista. Quando vivia como um gay, tinha uma posição mais bem definida socialmente, era gay e me relacionava com homens gays, passava por todos os preconceitos que esse grupo passa, mas tinha uma posição bem definida. Ser uma mulher trans é viver numa espécie de limbo social. A gente é percebida como mulher, no dia a dia, o preconceito que percebemos é pouco, mas só até alguém saber que você não é geneticamente mulher, mas uma mulher que teve um corpo de homem. É meio que não está incluída, nem entre os héteros e nem entre os gays.

A impressão que tenho quando digo que sou transexual é de ter enganado as pessoas me passando pelo que não sou, ou seja, por mulher. Quando a situação é de relacionamento amoroso a coisa fica muito, muito pior. Quando se é gay você tem os outros gays para se relacionar e, acontecendo, é uma relação entre iguais. Quando você é transexual, quem exatamente é o seu parceiro? Diria que os homens que se relacionam com transexuais são héteros, mas grande parte dos héteros não se relacionam com mulheres trans, simplesmente porque não nos veem como mulheres, mas como gays castrados, transformados, como um engano, uma farsa. Acho mesmo que seu eu fosse gay não estaria sozinha hoje em dia. Mas como mulher transexual minhas chances nessa esfera diminuem drasticamente, tanto da parte dos homens em relação a mim, quanto da minha parte em não aceitar homens que não vejam como mulher. Porque homens no geral adoram se divertir com as transexuais, sexualmente falando, mas namorar mesmo. Daí ser só objeto sexual para as horas de tédio é algo de que não preciso.

Aí muita gente tá se perguntando o motivo de ter feito a transformação, se ser gay me deixava numa posição mais bem definida. E respondo que não tive essa escolha. Nós transexuais não escolhemos odiar o sexo que nascemos, não escolhemos olhar no espelho e sentir um profundo desgosto por não reconhecer aquele ser refletido, não escolhemos preferir destruir aquele corpo a ter que continuar com ele, não escolhemos desejar ardentemente mudar essa situação, numa espécie de quase compulsão incontrolável. É óbvio que se  pudesse escolher ficar como gay e ser feliz, o teria feito. Teria me poupado sofrimentos extras, como a mudança do corpo. E tenham a certeza que tentei e muito ser gay, mas foi algo impossível.

Mesmo com todas as dificuldades de ser uma mulher transexual, mesmo tendo perdido a relação com minha família por conta disso, mesmo tendo perdido a relação com a grande maioria de pessoas do meu passado, porque hoje em dia me sinto uma pessoa meio que sem conexão com meu passado, como se tivesse destruído uma identidade para que outra surgisse a partir dali. Mesmo com tudo que perdi, o ganho de olhar no espelho e me reconhecer como mulher que sempre senti ser, o prazer de ser recebida como mulher em todos os ambientes que vou, realmente isso só quem dá valor é quem nasceu num corpo invertido.

Dizer que sou feliz como mulher transexual acho um excesso. Ser transexual já traz um sofrimento extra para o resto da vida, acho meio difícil alguém achar legal ter nascido transexual, já que a gente tem que andar sempre contra a "correnteza da natureza". Situação diferente de ser gay que é uma questão social e sexual. Ser transexual é uma questão social, de gênero, de identidade e porque não dizer que é uma questão médica, pois sempre envolve cirurgias e administração de hormônios.

De qualquer maneira se me perguntarem hoje se faria tudo de novo, com certeza faria. Se me perguntarem se tive mais ganhos do que perdas, não saberia responder. Mas certamente foi a única opção que tinha e se era a única, não era uma opção, mas sim uma condição.

domingo, 19 de janeiro de 2014

Amizade platônica...

Amizade platônica existe em vários níveis. Desde aquela pessoa pública que a gente admira à distância e acha perfeitamente que poderia ser amiga dela, até aquela pessoa de quem a gente é amiga, ou ela é nossa amiga e não existe reciprocidade...

Quem nunca leu um livro, um texto, viu uma pessoa palestrando, ou num vídeo e achou que aquela pessoa tinha tudo a ver contigo? Só que essa pessoa sequer sabe da sua existência daí se estabelece um tipo de amizade platônica, você meio que interage, fala através daquela pessoa, cita exemplos dela, sem exatamente venerar ou ser um fã cego, apenas sente afinidade com ela e gostaria de tê-la por perto. Consigo me lembrar de algumas pessoas assim para mim. O PC Siqueira que faz vídeos na internet é um tipo de pessoa dessa, muito do que ele diz me representa, mas não chego a ser uma fã dele, apenas acho que se a gente sentasse sairia um bom papo.

Por outro lado tem o efeito contrário da coisa. De a gente se aproximar realmente de um amigo platônico e ele simplesmente não corresponder a nada do que pensávamos, coisa até comum de acontecer. Daí vem a decepção total, o desencanto. 

Mas creio que o pior da amizade platônica é a não correspondida por alguém que você se relaciona mesmo. Durante algum tempo na minha vida, lá quando era mais jovem, chegava a gostar de umas pessoas que não me correspondiam, tanto em amizade quanto em relacionamentos amorosos, mas depois com o passar dos anos fui exercitando desgostar sempre que não me sentia correspondida e fiquei tão boa nisso que hoje em dia bastam uns dias para que eu "desencane" de alguém.

Mas como controlar quando alguém se sente amigo de você e não acontece nada dentro da gente? Simplesmente não rola com aquela pessoa e ficamos sem saber como dizer isso. Sinceramente essa situação sei lidar bem menos do que quando gosto e não sou correspondida. Porque estive mais na posição de não ter retorno do outro, então aprendi melhor a lidar com isso. Quando alguém diz que gosta de mim e não sinto a mesma coisa, fico meio perdida, meio que pisando em ovos, sem saber o que dizer e fazer. Realmente esse é um exercício que não fiz muito durante minha vida, então tenho muito o que aprender.

Nada melhor na vida do que um relacionamento de mão dupla, em que as pessoas falam a mesma língua, sentem afinidades, sentem que pertencem ao mesmo grupo. Poucas vezes tive isso com amigos, mas posso dizer que tenho alguns assim. E menos ainda com relacionamento amorosos, se contar nos dedos de uma mão sobram muitos dedos... rsrs. Afinal sou uma criatura estranha demais e encontrar quem se afine comigo não é tão fácil assim... rs.

P.S.: Tema inspirado no programa Saia Justa

(PC Siqueira)

 

domingo, 12 de janeiro de 2014

Saudades do que não vivi...

Acho que quando a gente faz 50 anos é mais ou menos a fase da vida de um ser humano em que ele começa a perceber sua finitude com mais clareza. Se fala muito da dificuldade de fazer 40 anos, mas acho que com 40 muitas de nossas "ficha" não caíram ainda. Aos 50 é que percebemos que mais da metade da vida pode ter transcorrido, que nosso tempo passou para algumas coisas e que para as outras que podemos ainda realizar, é preciso agilizar os processos.

Não sou saudosista e tenho extrema agonia de lidar com pessoas que são. Acho realmente que tenho um problema em relação a isso. Talvez por querer esquecer meu passado masculino,  quase não olho para trás, quase não sinto saudade de nada, minha vida é basicamente olhar o hoje e o futuro, o que faz de mim uma pessoa ansiosa ao extremo, porque estou sempre pensando no que vai vir, no amanhã e no que posso fazer hoje para melhorar o futuro. O passado para mim serve mais como referência para não voltar a cometer erros.

No entanto, existe um sentimento em mim que volta e meia aparece. Saudade do que que não fiz, uma espécie de "nostalgia do se".  "E se eu tivesse feito isso", "e se eu tivesse agido dessa forma". Enfim, não é algo legal, mas acontece de passar pela minha mente. Isso é  mais frequente do que ficar relembrando momentos bons ou ruins do passado. Nessa onda de nostalgia, me pego pensando, por exemplo, nos filhos que não tive. Não que quisesse ter tido filho em algum momento, mas hoje com 51 anos vejo que teria sido legal  ter tido filhos na idade em que as pessoas tem filhos.

Claro que com toda minha trajetória transexual, com todos os caminhos tortos que percorri, com todos os atalhos que tive que fazer, construir uma família era algo bem difícil de acontecer. Mas mesmo assim penso que teria sido legal se a vida tivesse sido outra, se isso tivesse acontecido. 

É estranho essa falta que sentimos de certas coisas não vividas. Porque por mais que a gente saiba que mesmo que voltasse no tempo nada seria diferente, mesmo assim aquela vontade fica lá. Como um  desejo de ter tido uma outra vida, outros problemas. Como um cansaço das nossas questões e pendências. 

Acho que é assim que me sinto, cheia dessa trajetória transexual, que parece que me trouxe mais perdas do que ganhos. Não que me arrependa de ter feito a cirurgia, mudanças em geral relacionadas a isso, de forma alguma me arrependo, mas passa pela saudade do que não vivi. Como um desejo que nada disso tivesse acontecido, que eu tivesse nascido num corpo certo e tido uma vida mais dentro dos padrões. E que atire a primeira pedra aquele que nunca desejou que sua vida fosse diferente, nem que fosse em um aspecto. Todos nós em algum momentos desejamos isso e acho que passa meio por essa nostalgia do que poderia ter sido e não foi...

De qualquer maneira o movimento a ser feito sempre é de aceitação da sua realidade, porque se entrarmos pelos caminhos das hipóteses que poderiam ter sido, tudo fica muito difícil de lidar. Mas um momento ou outro, tá liberado né, gente? Afinal a vida não tem que se assim tão rígida.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Uma grande segunda-feira...

Numa grande segunda-feira, é assim que me sinto em janeiro, nunca gostei desse mês, implico com janeiro e junho. Junho porque muitas coisas ruins na minha vida aconteceram em junho, então não gosto desse mês. Agora,  janeiro tem cara de recomeço, parece mesmo que todos os dias da semana são segundas, fora o verão que contribui ainda mais para meu desânimo nessa época. 

Conheci poucas pessoas na minha vida que se sentem tão mal com o calor quanto eu. Sinto como se tivesse me afogando, um desânimo de tudo, não tenho vontade nem de fazer as coisas que habitualmente me dão prazer. Enquanto todos vão para a praia, fico sonhando com ar condicionado, seja ele de onde for. Só no ar condicionado sinto que meu ânimo volta.

Mas o verão certamente não seria um problema se não fosse o desânimo de tudo que tem me acompanhado faz tempo. Um tédio, uma vontade de não interagir, pouco me importa se as pessoas não estão gostando da minha companhia, a verdade é que não ligo se está assim ou assado e não é depressão, é só insatisfação mesmo. Sei de onde ela vem, sei porque fiquei assim e obviamente vou tentar sair disso, mas janeiro não é um bom mês para tentativas de melhora... rs. Mas vou continuar tentando.

Temos fevereiro e nele espero um acontecimento que pode mudar o rumo que minha vida anda levando. Então o que me resta é suportar janeiro como se suporta uma grande segunda-feira. Esperando que fevereiro seja uma sexta e que os meses que virão sejam eternos sábados... rs.

Se tenho esperança? Sim, muita, ao mesmo tempo que um tédio de tudo me consome, existe lá no fundo uma esperança de que dias melhores virão, que a qualquer momento vou dar uma virada em tudo isso, que vou conseguir finalmente dar a volta por cima que espero. E essa esperança que não me deixa desistir nunca.

Mas por enquanto é janeiro, é uma grande segunda-feira, é verão e vou do jeito que dá para ir...